Mum to Son

por Liliana Reis

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

2.920 dias depois

Há 2.920 dias atrás, foi um dia de incerteza, de receio, de inconsciência, de medo de não conseguir.

A alegria de te ter ficou abafada por não ter o cenário que tinha imaginado para te receber. Uma família como as outras, com um pai e uma mãe juntos super felizes pelo bebé que acabava de nascer. 
Estávamos felizes por te ter, o menino das mãos gigantes, mas não estávamos juntos e isso não cabe nos planos de vida de ninguém....até acontecer.
O mundo não parou, seria só mais um caso. Mas o meu mundo embora mais completo não teria sido o mundo que eu planeei para mim, nem para ti.
Senti-me sozinha, às vezes incapaz, mas cresci ao mesmo tempo que te via crescer.
Dei de mim talvez mais do que era necessário, mas vá lá alguém saber o que fazer quando nasce o primeiro filho. Tudo é muito e tudo é pouco, tudo se misturava no meio das hormonas alteradas e dos sentimentos confusos de quem ainda amava o homem que lhe deu o presente mais divino e sem estar preparada para ser mãe no singular.

Não foi fácil encaixar a vida que eu conhecia até ali, com a vida que eu tinha gerado, muito menos com a vida que eu tinha planeado.
Abdicar de uma carreira, perceber que afinal tinha muito poucos amigos e aprender a viver de coração apertado, de olheiras profundas e numa correria diária.

Mas sabes que mais nem sempre o que planeamos é o ideal, e por vezes o real é bem mais surpreendente do que todos os nossos planos até ali.
E quando não é, o melhor é adaptarmo-nos rapidamente, levantarmos a cabeça e seguir em frente pois cada gargalhada, cada turrinha, cada palavra, cada beijinho, cada conquista tua, me dizia isso mesmo e eram conquistas também minhas que valiam cada segundo. 

Hoje tudo é mais fácil. Vejo-te feliz com aquilo que temos, com aquilo que somos. Cresceu em nós uma ligação única, de cumplicidade, de companheirismo e de exigência mútua que nos vão acompanhar até ao fim ou até para além disso.
Hoje olho para ti e vejo um menino guerreiro, decidido, com a força de touro e com a doçura de uma borboleta mas tão trapalhão como um pinguim desajeitado, a tentar encaixar no mundo.

Obrigada meu amor por me teres escolhido, pelo beijinho todas as manhãs assim que acordas, pelo piscar de olho quando estamos distantes mas a ver-nos, pelas gargalhadas quando dizes piadas secas, pelos shows de magia, pela naturalidade com que falas com os adultos, pela criatividade que te é tão própria, mas acima de tudo obrigada pelos desafios constantes que não me deixam sossegar nem descer daquele que é o meu lugar.





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