Mum to Son

por Liliana Reis

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A primeira nega...de muitas

“Mãe achas que devia pedir à Inês para ser minha namorada? Eu gosto muito dela.”

Embora muito precoce achei lindo o pensamento em voz alta, mas ao mesmo tempo tive aquela sensação “pobrezinho já começa com os dilemas emocionais”. 
Deu-me vontade de o abraçar e dizer “filho vai ser duro, mas também vai ter coisas maravilhosas”. Mas não o fiz!

Disse-lhe que se fosse importante para ele, devia perguntar-lhe se ela queria ser sua namorada. Já não parou de pensar nisso. “Mãe, mas como é que eu lhe digo?”; “Mãe e se ela não quiser?”.

Na tentativa de desdramatizar a coisa e aconselhei-o a fazer a pergunta sem ela estar à espera mas no decorrer de uma conversa, algo do género: "Inês, tenho andado a pensar e acho que se quisesses podíamos ser namorados"  e também lhe disse que se ela não quisesse, tinha de respeitar, talvez ela até gostasse de alguém, mas que certamente ela ficaria a perder um menino maravilhoso.

No dia seguinte foi ter comigo à cama - "hoje vou perguntar à Inês aquilo, até já estou com dores de barriga".
No caminho até à escola fomos a ensaiar a melhor forma de a abordar e quando saiu do carro até respirou fundo, como que a tomar coragem.

Achei melhor descansá-lo: "Martim, não tem de ser hoje, se não te sentires confortável em fazê-lo, podes deixar para outro dia, não te sintas pressionado!"
Mas esqueci-me como é obstinado e de ideias fixas - "Não mãe, tem de ser hoje!" - desejei-lhe sorte quando me despedi e fui nos meus pensamentos quase com a certeza de que não ia correr como ele queria, mas ao mesmo tempo orgulhosa pela atitude de resolução e de coragem em expor os seus sentimentos sem receio de parecer ridículo aos olhos de uma menina que ele admira.
Pensei para mim "grande homem", perdendo a noção que tem apenas 7 anos.



Quando o fui buscar à escola, a primeira coisa que me disse foi: "Mãe, aquilo com a Inês correu mal!", triste, mas sem peso. "Ela disse que namorada não, mas que amigos podíamos ser."

"Então não correu mal! Não foi aquilo que querias, mas ganhaste uma amiga especial!" e perguntei-lhe se estava triste.
Respondeu-me "Nem tanto!", mas à noite quando se deitou ouvi um suspiro fundo e disse-me "Mãe, ainda estou a pensar naquilo da Inês!". Dei-lhe um abraço apertado e adormeceu.

(sei que ainda é muito cedo e esta foi de certo a primeira de muitas negas, mas o que o meu abraço lhe quis pedir foi que durante a sua vida, não se escude na dor da rejeição para abafar os sentimentos, e que não salte de uma situação para outra, só para apagar a dor que sentirá quando a eleita não o eleger).

Meu filho, o amor é assim mesmo, para ser sentido e não reprimido e ainda que a outra pessoa não deseje o nosso amor não significa que não estejas à altura ou não sejas suficiente, és apenas diferente daquilo que o outro quer.
Vão haver momentos em que vais estar na posição contrária, acredita, e aí espero que te lembres de como gostarias de ser tratado.

Numa situação ou noutra o importante é que estejas à altura de ti próprio, que te respeites, respeites o outro e tudo vai correr bem!

Eu espero estar sempre à altura para te reconfortar!



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